O que “O Grande Nevoeiro de Londres” representou e representa?

Ouçam isso rapazes e moças de toda parte e proclamem aos 4 ventos, a Terra é sua, e a plenitude dela também. Sejam gentis, mas sejam ferozes, mais do que nunca vocês são necessários. Tomem o manto da mudança, pois esse é o seu momento.” – Minha Mocidade de Winston S. Churchill

The Crown é uma série de televisão de drama biográfico criada e escrita por Peter Morgan para a Netflix. A série é uma história biográfica sobre o reinado da Rainha Elizabeth II do Reino Unido a partir de seu casamento em 1947 até aos dias atuais. Mas o que isso tem a ver com o Tempo Em São Paulo? Na primeira temporada, episódio 4 – Ato Divino, o departamento meteorológico emite um alerta climático urgente, que acaba sendo ignorado pelas autoridades.

No dia seguinte ao alerta, 5 de dezembro de 1952, um nevoeiro tomou conta de Londres. O serviço meteorológico emitiu outra nota, relatando que a culpa é do anticiclone persistente que está sobre a cidade. Assim, as fumaças sobre as chaminés estão presas no nível da rua, o que agrava o nevoeiro. Voos foram cancelados, a visibilidade chegou a apenas um metro, trens parados, uma desordem generalizada. As usinas tentaram reduzir a emissão de fumaça, mas o nevoeiro estava imóvel por 50 km.

O primeiro ministro não se importava muito com o assunto, apenas dizia que isso era um nevoeiro causado pelo uso do carvão e que com o tempo iria desaparecer. Errado ele não estava, realmente desapareceu, no dia 9 de dezembro de 1952, mas acontece que esse não era um nevoeiro comum, as pessoas estavam respirando dióxido de enxofre tóxico, os hospitais estavam lotados e houveram de 3.500 a 4.000 mortes. Não pense que isso é algo que faz parte do enredo da série, foi um caso que realmente aconteceu e ficou conhecido como o “O Grande Nevoeiro de Londres”.

Mais de 60 anos depois, uma equipe internacional de químicos descobriu por que essa névoa que esteve sobre Londres era fatal e estimando que mais de 12 mil pessoas possam ter morrido por conta desse ocorrido. Em 2016, a Proceedings of the National Academies of Sciences divulgou o trabalho que mostra que uma das características desse nevoeiro foi a presença de partículas de ácido sulfúrico e sulfato que junto deram o tom escuro ao nevoeiro, o odor e claro os efeitos tóxicos para os humanos.

Uma combinação de produtos químicos e um clima desfavorável (lembram do anticiclone?) levou à formação do Grande Nevoeiro com partículas corrosivas que cobrem todas as superfícies com as quais entram em contato, de calçadas a pulmões.

O estudo sugere que as condições por trás dessa tragédia podem se desenvolver em todo o mundo, e nós do Tempo Em São Paulo não descordamos. Todos sabemos que o mundo está com o nível de poluição altíssimo, temos sentido isso na pele quando o clima fica mais seco e a umidade relativa do ar abaixa.

Vocês se lembram de quando são paulo ficou cinza, mais do que é, e a chuva ficou escura? Isso ocorreu no dia 19 de agosto desse ano por conta dos incêndios florestais.

Um teste foi feito pelo Instituto de Química Universidade de São Paulo e identificou a presença de reteno, uma substância proveniente da queima de biomassa e considerada um marcador de queimadas.

A Universidade Municipal de São Caetano também realizou um exame e mostrou que a concentração de fuligem foi sete vezes maior do que a registrada na água de uma chuva normal. Você pode ler mais sobre isso aqui.

Onde queremos chegar? Queremos mostrar que não é de hoje que as pessoas estão extrapolando o uso de recursos de naturais e que estão produzindo um número alto de poluição. Se desde 1952 já houve um grande problema em relação a esse assunto, imaginem agora em 2019? 67 anos depois a situação só piorou! Há leis, há pessoas conscientes mas não há o bastante.

De acordo com o Ministério da Saúde em 2018 houve um aumento de 14% em 10 anos nas mortes devido à poluição. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foi calculado que ocorram anualmente 4,2 milhões de mortes prematuras atribuídas à poluição do ar ambiente no mundo.

A organização também estima que a poluição do ar tenha sido responsável no ano de 2016 por cerca de 58% de mortes prematuras por doenças cerebrovasculares (DCV) e doenças isquêmica do coração (DIC); 18% por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecção respiratória aguda baixa; e 6% por câncer de pulmão, traqueia e brônquios.

Vocês perceberam o impacto? Não estamos matando o planeta apenas. Estamos nos matando aos poucos. Muitos danos foram causados e são irreversíveis, mas outros não. A mudança precisa começar agora, precisamos pensar no nosso futuro e no futuro dos próximos. Nunca é tarde para tentar concertar um erro.

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